De dia estudante, concursado à noite: jovem concilia faculdade de medicina com trabalho como coletor de lixo
05/09/2025
(Foto: Reprodução) Jovem concilia faculdade de medicina com trabalho como coletor de lixo
De dia, foco nas matérias como estudante de medicina em tempo integral. À noite, trabalha como coletor de lixo para manter a limpeza urbana. Essa é a rotina de Guilherme da Silva Mazini, de 24 anos, morador de Presidente Prudente (SP) que faz os “corres” para seguir o sonho na área da saúde.
Ao g1, Guilherme compartilha como consegue equilibrar a rotina trabalhando na escala 6x1 enquanto estuda, a partir do Financiamento Estudantil (FIES), um dos cursos mais elitizados do país, em que a mensalidade pode chegar a quase R$ 16 mil no Brasil, conforme um levantamento do g1 feito em 2024.
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“O curso de medicina é integral. Após o curso, imediatamente tenho que voar para o trabalho. Tenho um pouco de dificuldade pra levar por conta de horário, já que acabo por volta de 0h”, destaca.
Durante a semana, as aulas acontecem das 7h30 às 17h10, já o trabalho de limpeza urbana começa às 17h, de segunda-feira a sábado. Para conseguir dar conta, o jovem pede para sair 10 minutos mais cedo da faculdade e chega 10 minutos atrasado no trabalho.
“A interação com as pessoas, servir a comunidade com esse tipo de serviço (coleta de lixo), sempre gostei disso, não é à toa que acabei optando pela área da saúde”, afirma.
A escolha de ser coletor de lixo surgiu há três anos, quando Guilherme estudava a graduação em enfermagem com bolsa 100% pelo Programa Universidade para Todos (Poruni).
“Realizei o concurso para coletor de lixo e fiquei em 2º lugar. No começo foi bastante desafiador. Dores no joelho, no ombro, nas mãos. Meu tio me deu a ideia sobre a oportunidade”, continua.
Um dos motivos para ele optar em seguir como coletor ao invés de já atuar na área da saúde como enfermeiro se dá pela questão de disponibilidade de horário. “A rotina é puxada, a ansiedade devido à pressão pelo resultado, seja no trabalho, seja nas provas. O dia a dia é pesado, o que me motiva é o sonho e a vontade das coisas melhorarem”, diz Guilherme.
Propósito de ajudar as pessoas
No segundo semestre na faculdade, Guilherme já decidiu a área que pretende seguir na medicina: psiquiatria. Segundo ele, a escolha se deu por conta da importância dada à saúde mental e sua relação com outras patologias.
"Acredito no propósito de levantar as pessoas, recuperá-las, para haver um futuro melhor."
Apesar da correria, o estudante comenta que não se deixa abalar pelo preconceito ou possíveis comentários negativos sobre a rotina que tem.
“O preconceito existe na sociedade já tem um tempão, com certeza tem. As pessoas se assustam quando eu conto, por conta do pré-conceito que acontece sobre esse tipo de profissional, em que a maioria busca uma segunda renda, realiza outras atividade. Eu acompanho essa parte na contramão por meio do estudo”.
O estudante conseguiu a bolsa na faculdade no início de 2025 por meio da nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2019. “Gosto da responsabilidade e ter impacto na vida das pessoas, então vou ‘pra cima’ do problema”, destaca.
Antes de ser coletor, Guilherme trabalhava em um mercado e teve o apoio da mãe para seguir em busca dos seus sonhos e ainda presenciar a irmã, de 18 anos, também estudar medicina por meio do FIES, em Adamantina (SP). É na mãe que o rapaz se inspira.
“Minha mãe, batalhadora e guerreira, criou dois filhos, os dois atualmente fazendo medicina e a enchendo de orgulho. Uma pessoa que veio do sítio, trabalhava como empregada doméstica e atualmente está na enfermagem”.
Guilherme Mazini trabalha como coletor de lixo em escala 6x1
Guilherme Mazini/Arquivo pessoal
Guilherme Mazini começou a estudar medicina em 2025, por meio do FIES
Guilherme Mazini/Arquivo pessoal
Guilherme Mazini, 24 anos, trabalha como coletor de lixo há três anos e começou a estudar medicina em 2025
Guilherme Mazini/Arquivo pessoal
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