PF prende grupo que tentava fraudar prova de residência médica em Juiz de Fora
20/10/2025
(Foto: Reprodução) PF prende grupo que tentava fraudar prova de residência médica em Juiz de Fora
Um grupo suspeito de tentar fraudar o Exame Nacional da Avaliação da Formação Médica (Enamed), utilizado em processos seletivos para residência médica, foi preso neste domingo (19) durante uma operação da Polícia Federal em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira.
A ação, batizada de Operação R1, contou com apoio do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV), responsáveis pela aplicação do exame.
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Ao todo, oito pessoas, incluindo médicos, foram presas e diversos equipamentos eletrônicos, documentos falsos e outros materiais usados na tentativa de burlar o processo seletivo foram apreendidos. (veja os detalhes abaixo)
Segundo as investigações, o grupo atuava de duas formas principais:
Transmissão de respostas: candidatos usavam dispositivos eletrônicos, como minicelulares, relógios inteligentes e pontos eletrônicos, para receber as respostas das questões durante a prova.
Uso de “laranjas”: pessoas contratadas se inscreviam no exame com documentos falsos para realizar a prova no lugar dos candidatos reais.
Tentativa de fraude na prova
Grupo é preso por esquema que tentava fraudar prova de residência médica em Juiz de Fora
PF/Divulgação
De acordo com a Polícia Federal, pelo menos nove pessoas participaram da tentativa de fraude. Quatro delas não eram médicas e entraram apenas para copiar as questões.
Após a primeira hora de prova, os quatro falsos candidatos deixaram o local e seguiram para um hotel em Juiz de Fora, onde três integrantes do grupo, com apoio de um médico ainda não localizado, resolveriam as questões e transmitiriam as respostas aos candidatos verdadeiros.
Outras cinco pessoas permaneceram nas salas de prova simulando a realização legítima do exame, recebendo as respostas por meio dos dispositivos eletrônicos.
Envolvimento de médicos e falsidade ideológica
Entre os cinco que receberam as respostas, três são médicos formados e tentavam garantir aprovação no Enamed para ingressar em programas de residência médica.
Os outros dois eram “laranjas” contratados para fazer a prova no lugar dos candidatos reais, utilizando documentos falsificados — o que configura falsidade ideológica.
De acordo com a PF, os candidatos envolvidos no esquema pagariam até R$ 140 mil em caso de aprovação.
🔍O Enamed é uma prova aplicada pelo Inep que avalia os estudantes concluintes de Medicina, com base nas Diretrizes Curriculares Nacionais. Seu objetivo é medir a qualidade da formação médica no Brasil e subsidiar melhorias nos cursos. O exame também pode ser usado como etapa classificatória para o Enare, processo seletivo nacional de residência médica. Participam estudantes do último ano e médicos formados. A aplicação busca garantir maior transparência e qualidade no ingresso à residência médica.
Prisões e apreensões
A operação resultou na prisão de oito pessoas:
Cinco foram detidas no local da prova, sendo quatro homens e uma mulher;
Três foram presos em flagrante em um hotel da cidade, onde realizavam a transmissão das respostas.
Outros dois suspeitos — um integrante da equipe de apoio e um médico local apontado como colaborador na resolução das questões — não foram localizados, mas já foram identificados pela polícia.
Também foi cumprido um mandado de busca e apreensão na residência de um dos suspeitos, no Rio de Janeiro.
Todos os equipamentos apreendidos, como celulares, relógios, pontos eletrônicos e documentos falsos, foram encaminhados para perícia técnica.
Oito pessoas são presas e dispositivos eletrônicos são apreendidos
PF/Divulgação
Crimes e penas
Os investigados podem responder por fraude em certames de interesse público, associação criminosa e falsidade ideológica. As penas somadas podem chegar a 10 anos de reclusão, além de multa.
As investigações continuam, e a PF espera identificar novos envolvidos a partir da análise dos materiais apreendidos e dos depoimentos colhidos.
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