Teatro em escolas públicas de Rio Preto orienta crianças a denunciarem abuso sexual
07/09/2025
(Foto: Reprodução) Peça teatral ajuda crianças de Rio Preto a identificar sinais de violência sexual
A violência sexual contra crianças e adolescentes vem sendo tratada como um grave problema no Brasil. Em São José do Rio Preto (SP), o tema passou a ser abordado de forma lúdica, por meio de apresentações teatrais nas escolas estaduais.
O que começou como uma ação educativa se transformou em ferramenta de combate aos abusos.
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A peça “Marcas da Infância”, que retrata histórias de violência física, psicológica e sexual, faz parte do projeto “Eu Tenho Voz”, criado pelo Instituto Paulista de Magistrados (Ipam) e amparado pela Vara da Infância e Juventude de Rio Preto.
Após cada apresentação, juízes que acompanham a atividade conversam com os estudantes para explicar como identificar situações de violência e buscar ajuda.
Segundo a juíza Hertha Helena Rollemberg Oliveira, coordenadora do projeto, muitos pedidos de ajuda acontecem ali mesmo, logo após a peça. “Dependendo da situação, às vezes é necessária uma intervenção imediata para que a violência cesse ou não aconteça”, afirma em entrevista à TV TEM.
Desde 2022, o projeto contabiliza 118 relatos espontâneos de vítimas de abuso sexual. Apenas em uma escola visitada neste ano, foram feitas 31 denúncias. Grande parte das vítimas têm entre seis e 13 anos.
O juiz da Vara da Infância e Juventude de Rio Preto, Evandro Pelarin, reforça que a ação cumpre o que já está previsto em lei.
“O teatro dá segurança para que crianças tenham coragem de revelar e entender que essa violência tem que cessar”, diz.
A peça “Marcas da Infância” retrata histórias de violência física, psicológica e sexual.
Reprodução/TV TEM
Segundo o Anuário de Segurança Pública, no Brasil, mais de 64% dos casos de estupro contra vulneráveis acontecem dentro de casa, muitas vezes praticados por parentes. Ainda de acordo com o levantamento, a cada seis minutos acontece um caso de estupro no país. Essa realidade ajuda a explicar o medo que muitas crianças têm de denunciar.
Além dos alunos, os pais também participam das apresentações em Rio Preto e, em alguns casos, apresentam reações semelhantes às das crianças.
Para a atriz Patrícia Torres, que integra o elenco, a peça ultrapassou o caráter preventivo. “Além da prevenção, é também um combate concreto porque o Judiciário pisa nas escolas públicas junto com a peça teatral. Hoje chegamos à conclusão de que ela não pode existir sem essa rede de proteção”, conta.
Desde 2022, o projeto contabiliza 118 relatos espontâneos de vítimas de abuso sexual.
Reprodução/TV TEM
Para quebrar o ciclo da violência, denúncias devem ser feitas de forma anônima pelo Disque 100, que funciona 24 horas por dia.
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